50% das mulheres grávidas podem passar pelo Baby Blue!

  • 29 de junho de 2023

Quando uma gravidez desejada está a caminho um grande misto de sensações
tais como, felicidade e euforia, misturadas à ansiedade e apreensão são
naturalmente recorrentes.

Socialmente, o ideal materno está envolto às projeções de sentimentos sublimes,
de afeto e doação, sem precedentes, mas, a realidade psíquica decorrente de uma
nova gestação poderá confrontar, diretamente a projeção idealizada.

A felicidade, pela nova vida em gestação, é legítima, porém, a apreensão pelas
modificações sociais, físicas, emocionais e mentais que gestantes e puérperas
passam também são tão legítimas quanto e, não raro, são estas passagens
profundas de transformação que fazem emergir questões necessárias à revisão
psicológica e ao acolhimento, para que assim, um jeito diferente de viver e
significar a vida desenhe a nova etapa.

Todo este processo complexo de fragilidades, expectativas sociais e resultados
psicossomático, atrelados ainda às complexas oscilações hormonais, e até mesmo
as privações básicas – como o sono e a exclusão de uma vida social mais ativa –
corroboram para o desmantelar das idealizações maternais, e então, a ansiedade
e uma sensação indesejada e culposa podem ocasionar os quadros melancólicos,
sejam eles pontuais ou agravados.

Tema relativamente recente (trazido a público na década de 90, por Kaplan e
Sadock), a depressão pós-parto, por exemplo, é uma realidade nacional que, em
2021 – em pleno decorrer pandêmico – atingiu ao menos 38% das mulheres
brasileiras.

Os dados, apurados pelo Hospital das Clínicas, e divulgados no Jornal da USP
(Universidade de São Paulo), em dezembro de 2021, relatou o aumento de casos
justamente durante a pandemia da COVID-19 e pontuou quase o dobro dos
relatos existentes, em comparação com os anos anteriores!

Mas, de forma ampla, para muito além dos tabus e dos casos agravados, estima-se
que o distúrbio de labilidade transitória de humor – o Baby Blue – são comuns, e
atinja, de certa forma, uma parcela enorme de mulheres (cerca de 50% das novas
mães), principalmente entre o terceiro e o quinto dia (podendo durar cerca de 15
dias) após o parto e que, neste caso, após as novas adaptações, entram em
remissão totalmente espontânea.

Acolher e estar consciente destes estados da mente-corpo e recorrências, é uma
forma atenta de zelo ao bebê e valioso autocuidado. Por isso, além da habitual
rede de apoio familiar não hesite em procurar acompanhamentos e atividades.

 

Escrito por: Tábata Corso