Comendo Emoções…

  • 11 de junho de 2024

Comer é mais do que uma atividade alimentar, mas sim, um hábito sociocultural, enredada por ritos de passagens e histórias íntimas: particulares.
É sempre comum termos uma boa história para contar, mantermos na memória uma receita de família, ou um partilhar de mesas e refeições que marcam não somente nossa cultura, mas também, nossas emoções agregadas a estes momentos.

Quando ingerimos alimentos hiperpalatáveis, principalmente acrescidos de açúcar e gordura, ativamos todo o sistema neuro-hormonal dopaminérgico, o que poderá fazer com que gatilhos de desejo – por mais alimentos similares – e a real saciedade, se confluam e se percam.

Dado ainda oscilações de humores, hábitos alimentares particulares de cada sociedade e condições mentais pré-existentes, tais como a depressão, os riscos de desenvolvimentos de episódios de compulsão alimentar ou transtornos complexos, são alarmantes.

Comer de forma impulsiva e inconsciente poderá se tornar uma resposta instintiva na ânsia por conseguir conforto emocional e prazer rápido, mas não raro, passados os episódios, a sensação de culpa e a frustação pelo descontrole alimentar se farão presentes em um sofrimento arraigado.
Por isso, um dos principais papéis da psicoterapia está no acompanhar da profundidade de gatilhos emocionais e mentais que acionam o descontrole e a compulsão. Observar, elucidar e ajudar a ressignificar tais gatilhos sempre será de grande valor no tratamento somático das respostas emocionais e sistêmicas do corpo, para que o ato de comer preserve o prazer necessário e genuíno que tanto gostamos.

Escrito por: Tábata Corso